03/04/2017

[Resenha] - A Guerra que Salvou a Minha Vida

Nome: A Guerra que Salvou a Minha Vida
Nº de Páginas: 240
Autora:  Kimberly Brubaker Bradley
Editora: Darkside
Classificação: ★ ★ ★ ★ ★ 

Sinopse: "A Guerra que Salvou a Minha Vida é um daqueles romances que você lê com um nó no peito, sorrisos no rosto e – entre um parágrafo e outro – lágrimas nos olhos. Uma obra sobre as muitas batalhas que precisamos vencer para conquistar nosso lugar no mundo. Ada tem dez anos (ao menos é o que ela acha). A menina nunca saiu de casa, para não envergonhar a mãe na frente dos outros. Da janela, vê o irmão brincar, correr, pular – coisas que qualquer criança sabe fazer. Qualquer criança que não tenha nascido com um “pé torto” como o seu. Trancada num apartamento, Ada cuida da casa e do irmão sozinha, além de ter que escapar dos maus-tratos diários que sofre da mãe. Ainda bem que há uma guerra se aproximando. Os possíveis bombardeios de Hitler são a oportunidade perfeita para Ada e o caçula Jamie deixarem Londres e partirem para o interior, em busca de uma vida melhor."


       O que dizer de um livro tão maravilhoso e tão tocante quanto esse? Eu realmente não sei. Pra falar a verdade, ainda não acredito em tudo que eu li, e duvido que eu vá esquecer dessa história, que é ao mesmo tempo fantástica e triste, por muito tempo.

       A história do livro se passa durante a 2ª Guerra Mundial, e narra os acontecimentos pela visão da Ada, uma criança de aproximadamente 10 anos, que mora em Londres, num apartamento bem precário com sua mãe - que nós não sabemos como se chama - e seu irmãozinho mais novo, Jamie, que tem uns 6 ou 7 anos. Porem a Ada não é considerada uma criança normal - pelo menos não por sua mãe e, consecutivamente, por seu irmão -, ela nasceu com uma pequena deficiência no pé direito chamado Pé-Torto, e pelo que eu entendi da descrição, basicamente a sola do pé dela é virada para cima e a parte de cima fica embaixo, e por tanto o seu tornozelo é virado. Por conta desse problema, Ada nunca conseguiu andar, e quando tentava sentia uma dor insuportável, passando assim, todos esses 10 anos, se arrastando pelo chão da casa.
       Por nunca ter saído de casa, Ada passava grande parte dos seus dias cuidando de Jamie e da casa, enquanto isso, sua mãe passava o dia fora trabalhando. Seu mundo se resumia ao que ela conseguia ver pela janela, o que já era por si só, muito limitado, seu único contato com o mundo exterior era por Jamie, que saia ara brincar como as crianças normais faziam e contava tudo depois para Ada.
       Logo de cara a gente já vê que a mãe dela é o pior tipo de ser humano que existe nesse mundo. Ela negligencia os próprios filhos, alegando que jamais queria te-los, mas principalmente a Ada, que é maltratada tanto física como verbalmente pela mãe, que a chama de aberração, aleijada, inútil, burra, enter outros nomes que eu nem gosto de lembrar. Claramente a gente percebe que essa relação é super abusiva; mas infelizmente, dois dois filhos, a Ada é a quem mais sofre, não apenas pelo preconceito da mãe, mas toda a humilhação que ela passa diariamente, fazendo com que ela sempre se sinta inferior aos outros.
       Passando alguns dias na história, a gente chega em um momento da guerra em que todas as crianças estão sendo convocadas a abandonarem suas casas na cidade e irem para o interior, onde teoricamente (xhiiiu) tudo seria mais calmo e seguro. E é ai que a Ada vê uma oportunidade de fugir dessa vida horrível sem ter que abandonar seu irmãozinho. Ela já vinha tentando a algum tempo a dar alguns passos sozinha, ou seja, ela estava finalmente aprendendo a andar. Claro que foi um processo demorado, ela não consegue andar perfeitamente, e sem falar nas dores, que são descritas como insuportáveis; mas ela não desistiu!
       Mas é quando ela pergunta para sua mãe se ela poderia ir com Jamie que a coisa toda desanda. Sua mãe alega que ninguém nunca iria querer cuidar de uma aleijada, que ela era uma vergonha e todo aquele papo horrível que ela sempre usava para inferiorizar a filha. Porem, Ada não abandona seu irmão. No dia em que o trem com as crianças parte, ela consegue sair de casa - ANDANDO - e segue rumo a estação, para uma vida longe dos maus tratos e agressões da mãe, pelo menos enquanto a guerra durar, é o que ela pensa.
       Chegando no interior existe todo um processo de escolha, onde o pessoal da vila onde eles ficariam escolhe aqueles cuja aparência é a menos deplorável possível, deixando Ada e Jamie para serem os últimos a serem escolhidos, involuntariamente, pela Srta. Smith, uma moça com um passado triste e que, por conta dele, acabou se fechando para o mundo. E quando eles finalmente pensam que estão livres de um passado horroroso e que, de agora em diante as coisas vão começar a melhorar, nós vemos que não é bem assim, que eles ainda tem muito pelo que lutar.


       Eu ainda não consigo achar uma palavra para descrever o que foi esse livro. Sinceramente, eu preciso de ajuda, e só quem leu sabe do que eu estou falando.
       Eu nem vou tocar novamente no quão horrível e abusiva é a mãe da Ada, acho que só pelo que eu já falei até aqui da pra entender que ela é o pior tipo de ser humano que existe nesse mundo, e que só da pra ter pena dela. Só pena.
       O Jamie é ao mesmo tempo fofo e irritante. Fofo por ele ainda ser uma criança, e como qualquer uma ele ainda é bem ingênuo, não entende muitas coisas; mas não é burro, ambos cresceram numa realidade diferente (e horrível) e crio que isso os tenha feito amadurecer em relação a algumas coisas bem mais rápido. E irritante por que, como toda e qualquer crianças, ele tenta copiar os adultos, então ele acabou absorvendo um pouco de todo o odio que a mãe sentia pela Ada, a gente consegue ver bem isso quando a todo momento ele retoma ao assunto "pé-torto", dizendo muitas vezes algo bem cruél em relação a irmã.
       Quanto a Ada, eu não posso não amar essa menina. As vezes eu acho que ele é bem mais adulta que muito adulto por ai. A visão dela de como é o mundo, digo, o pouco do mundo que ela conhece. Gente ela não sabia o que era grama!! Ela não conhece muitas das palavras que nos usamos no cotidiano; o nome de algumas frutas e verduras mais simples; o pior de tudo para mim foi ela não saber ler nem escrever, isso me deixou de coração partido em algumas cenas. Mas a gota d'água foi ler sobre tudo que ela enfrentou. Essa menina é uma guerreira gente, mais forte que muito soldado por ai. 
       Acho que a principal mensagem desse livro é sobre a auto-aceitação. Claro que também temos o tema "amor ao próximo" ele é bem claro nesse livro, mas acima de tudo, o que eu percebi era que, para a Ada aceitar que os outros não a viam como uma aberração, ela também tinha que parar de ser ver como uma. Ela tem que se aceitar do jeito que é, sem buscar aprovação dos outros, sem se mostrar melhor ou pior do que os outros, e isso gente, é uma baita de uma mensagem.


       Outro ponto que foi falado nesse livro mas que foi pouco explorado, mesmo sendo bem recorrente nessa época, é a questão do machismo. A guardiã deles, a Srta. Smith, ela tem faculdade, tem estudo, só que ela não consegue emprego por que os homens tomam a maioria deles. E como a gente sabe antigamente (e hoje em dia isso ainda existe sim) as pessoas viviam numa sociedade machista e opressora onde a unica função da mulher era educar os filhos e cuidar da casa. Não vou me aprofundar nisso, só queria falar mesmo...
       Sem falar do clima de tensão por causa da guerra. Sera que eles realmente estão a salvo no interior? 
       Gente esse livro é incrível, e eu não sei mais o que falar deles. Quarta-feira sai a resenha em vídeo dele, então espero que vocês gostem!! Por favor leiam esse livro e o amem mais do que eu amei, é só o que eu digo a vocês!
       Um beijo e até a próxima!

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